Belo Horizonte - Estudantes e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) promoveram um "beijaço" em frente à reitoria da instituição que ocorreu na quarta (27/04).
O carinho coletivo foi um protesto contra a agressão a dois casais homossexuais ocorrida no início do mês.
O caso de homofobia ocorreu durante uma festa na Faculdade de Letras (Fale), no último dia 2. Testemunhas contaram que um homem abordou um casal de lésbicas com piadas e agressões verbais. Pouco depois, o mesmo homem teria dado chutes em um rapaz que namorava um colega na mesma festa. O caso foi denunciado em carta enviada à reitoria pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds), pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel) e por agremiações acadêmicas.
"Esse tipo de atitude é inaceitável em qualquer lugar, ainda mais dentro do campus de uma universidade como essa", afirmou, por telefone, um dos participantes do protesto. Aluno de filosofia, o rapaz, de 23 anos, é homossexual assumido, mas pediu para não ser identificado justamente por temer "que isso (agressão) aconteça de novo". "Aqui, no meio de vários outros casais, a gente fica mais tranquilo, mas, depois, ficamos sozinhos de novo e, infelizmente, ainda ocorrem casos assim (de homofobia)", alegou.
Por meio de sua assessoria, a UFMG informou que foi criada uma comissão de sindicância para apurar as agressões ocorridas na festa da Fale. A apuração ainda está em andamento e, ainda segundo a assessoria, a comissão tem 30 dias para concluir o procedimento, prorrogáveis por mais 30 dias.
“Acho legal, para mostrar que não tem diferenças”, falou Isabela, de 23 anos. Ela e a namorada Marcela, 30 anos, não estudam no campus, mas compareceram. Disseram que não sofrem preconceito entre familiares e amigos, mas uma delas já foi reprimida ao beijar dentro de um shopping. “Um segurança pegou no meu braço e disse que aquilo não era coisa para fazer em um ambiente familiar”, lembrou Marcela.
Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente à reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus Pampulha, para promoverem um ato contra a homofobia. O “Beijaço Gay”. Alguns estudantes se beijaram em frente ao prédio na tentativa de mostrar a diversidade de gêneros dentro do ambiente plural que é a universidade.
O movimento também critica a portaria 34/11, publicada pela UFMG na terça-feira, suspendendo temporariamente as festas, como calouradas e vinhadas, e a venda de bebidas alcoólicas na universidade. O documento controla também a entrada de pessoas no campus depois das 21h. Segundo a portaria, a partir deste horário, apenas duas das seis entradas da Pampulha vão permanecer abertas. Quem passar pelas entradas das avenidas Antônio Carlos e Carlos Luz terá que apresentar carteira de identidade e a placa do carro será anotada.
O objetivo da portaria é controlar os eventos de violência que têm ocorrido na universidade. No dia 6 de abril, dois homens armados invadiram o prédio do Instituto de Ciências Exatas (Icex) e assaltaram quatro integrantes do doutorado em Física. Os alunos reclamam que a suspensão das festas não acaba com a violência e os eventos promovem a integração dos estudantes.
Um grupo de estudantes do curso de publicidade levantou cartazes com a mensagem ‘#eu sou gay’. “Viemos trazer a mensagem de tolerância. Ao dizer ‘eu sou gay’ estamos assumindo o compromisso com a diversidade”, falou Jullie Utsch, de 18 anos. Os integrantes do grupo não se definiram como homossexuais e disseram que a mensagem é de apoio. ”Não é para chocar é para responder de uma forma diferente, com afetividade, a atitudes de homofobia”, falou Marcos Antunes, de 17 anos.
A presença de um repórter drag queen causou alvoroço. “Vim cobrir e a animação acabou caindo na minha mão”, brincou Malonna, personagem do estudante André Silva, de 25 anos. Ele ex-aluno de artes visuais da universidade e faz parte da equipe de um programa independente. “É uma ação política, que tira da invisibilidade a relação homoafetiva”, falou Mallona ao definir o evento. A drag queen fez a contagem para o beijo.
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