quinta-feira, 26 de maio de 2011

Indignação

A decisão da presidente Dilma Rousseff em suspender o projeto do Ministério da Educação de distribuir nas escolas públicas o kit educacional anti-homofobia foi recebido com indignação por uma das responsáveis pela elaboração do material, Maria Helena Franco, coordenadora do projeto Escola sem homofobia, elaborado pela Ecos - Comunicação em Sexualidade. “É um absurdo! As pessoas não viram o material e estão atacando sem conhecer o kit”, destacou Maria Helena. “Nossa esperança é que ainda voltem atrás.”

Ela vê interferências políticas no assunto que devia ser estritamente educacional. “O tema é de extrema importância para a educação e quem está decidindo sobre é a bancada evangélica do Congresso! Negociar o kit politicamente no caso envolvendo o (ministro da Casa Civil Antonio) Palocci é uma vergonha”, afirma.

Mestre em ciências na área da saúde, ciclo de vida e sociedade pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Maria Helena ressaltou a Constituição Federal que garante direitos iguais a todos, incluindo a população LGBT. “Trabalhamos durante muitos anos na criação de material educativo para que as escolas possam trabalhar a sexualidade no sentido da promoção do direito. As escolas têm funcionários, diretoras, professores e pais gays. Todas essas pessoas em um momento ou outro são discriminados. Isso afeta muita gente. Material vem para ensinar respeito, que todas as pessoas têm o mesmo direito de estar na escola. A perda é para o país todo. É importante se conviver e respeitar a diversidade. Se isso não entrar na escola, as pessoas vão continuar fazendo piadas, estigmatizando e discriminando.”

Maria Helena disse que o material composto por três vídeos institucionais e um caderno de apoio ao professor foi amplamente debatido pela sociedade e passou por várias “idas e vindas” com o MEC. O material é destinado ao ensino médio, para alunos com mais de 14 anos. Um dos vídeos, “Torpedo", trata da bissexualidade ao relatar a história de duas alunas que se apaixonam e são discriminadas na escola. Outro vídeo, “Probabilidade”, mostram por meio de desenhos a questão da bissexualidade. O terceiro vídeo, “Encontrando Bianca”, narra a história de um travesti que é aluno de uma escola.

“O material é voltado para os professores promoverem a discussão do tema em sala de aula. Todo material educativo envolve muito vai e volta com o MEC. Não é algo fácil de ficar pronto de primeira. Houve muita discussão na época da elaboração do roteiro. Ficamos quase um ano discutindo. A sociedade foi para lá de ouvida. Uma vez o roteiro aprovado ele foi filmado”, explica.

A educadora desta que o kit tem como objetivo promover o respeito e a discussão sobre a diversidade sexual. “Ele traz conteúdo que subsidiem uma discussão livre de preconceito para que esse país seja um país que reconheça a diversidade”, salientou. “Lamentamos muito um governo tomar uma atitude dessa, principalmente a Dilma que teve apoio da comunidade LGBT para se eleger.”

A Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura publicou um parecer favorável à distribuição em escolas da rede pública para alunos do ensino médio de kits informativos de combate à homofobia que fazem parte do projeto Escola sem homofobia, que conta com apoio do MEC. De acordo com o parecer da Unesco, assinado por Vincent Defourny, representante da entidade no Brasil, "os materias do Projeto Escola sem Homofobia estão adequados às faixas etárias e de desenvolvimento afetivo-cognitivo a que se destinam". Diz ainda que este projeto se utiliza do espaço da escola para ariculação de políticas públicas voltadas para adolescentes e jovens, fortalecendo e valorizando práticas do campo da promoção dos direitos sexuais e reprodutivos destas faixas etárias.

O documento conclui que o "o conjunto de materiais foi concebido como uma ferramenta para incentivar, desencadear e alimentar processos de formação continuada de profissionais de educação, tomando-se como referência as experiências que já vêm sendo implementadas no país de enfrentamento ao sofrimento de adolescentes, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros".

Fonte: G1
 
Realmente é um assunto extremamente polêmico seja a liberação, assim como o impedimento da distribuição do kit ... mas uma coisa eu digo, porque é que certos políticos passam o tempo todo procurando meios de "atrapalhar" o avanço na cidadania e nos direitos mais que esperados da população LGBT ao invés de exercerem seu DEVER e fazer com que o país cresça, evolua ... que acabe a corrupção, os mensalões, as proprinas, os juros extravagantes ... problemas na saúde, na geração de emprego ... e o que falar da inflação ???? Tem horas, como essa que me enoja ser Brasileira sabia ... infelizmente existem esses momentos.
 

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